Dentre os diversos impactos negativos causados pela pandemia da Covid-19, a situação da mulher que tem filhos pequenos é ainda mais complicada, sobretudo quando se alcança a fase da flexibilização da retomada das atividades. O alerta é feito pelo Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso (CEDM), uma vez que o atual estágio criou uma condição impossível e aflitiva para as mães trabalhadoras. Presidente do órgão, a procuradora Glaucia Amaral lamenta que, mais uma vez, decisões são tomadas sem levar em conta o papel da mulher nas famílias.
“Dados oficiais mostram que 43% dos lares são chefiados por mulheres. E isso não foi colocado à mesa no momento de decidir. A mulher volta ao trabalho, mas não há solução nem alternativa para que elas possam fazer isso com as escolas e creches ainda fechadas”.
Glaucia destaca que nâo se defende a abertura de creches e escolas, uma vez que o índice de infestação pelo vírus segue elevado, mas que é necessário algum tipo de amparo para as mulheres. “Essa ausência é algo que ocorre há muito tempo. Ao longo dos anos, temos chamado a atenção para o fato de que sequer temos creches em número suficiente em nosso Estado, que possibilite a inserção plena da mulher que é mãe, no mercado de trabalho”.
Sem considerar a mulher no momento da tomada de decisão, pontua a procuradora, coloca milhares de mães na situação aflitiva de se decidir entre o sustento de seus filhos ou o bem-estar básico deles. “Por isso, avaliamos que o retorno pleno do comércio trouxe uma série de problemas para as mães trabalhadoras que não tem com quem deixar suas filhas e filhos, e, ainda, sem a supervisão de adultos responsáveis”, explica Glaucia.
A preocupação do Conselho também visa garantir a segurança de nossas crianças e adolescentes que não podem permanecer desassistidos em casa, sob o risco de acidentes, ou serem vitimas de abusos. Justamente por isso, a situação de estarem desassistidos de adultos é proibida por lei.
“Já houve casos em Mato Grosso em que mães acabaram presas por abandono de incapaz porque foram colocadas nesta situação desumana. E isso torna ainda mais verdadeiro o que escreveu Simone Beauvoir, quando disse que nas crises os direitos das mulheres são os primeiros a serem tolhidos e que a luta por eles deve ser constante”, finaliza a presidente do CEDM.
Assessoria/Caminho Político
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