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Deputado Estadual Drº. Eugênio de Paiva (PSB-40)

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segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

NOVO APARTHEID

África, o eterno continente esquecido, corre agora o risco de ser transformado no continente fechado. África tem números inacreditáveis e no que respeita ao contexto viral, são assustadores. Deixando o Ebola bem quietinho no seu canto, cabe destacar os 17 milhões de mortos em duas décadas de convivência com o HIV e a atual média de 3% de cidadãos vacinados no continente africano, contra o coronavírus. Números que acabam por ser somente números aos olhos do mundo. Números que na consciência de muitos se apresentam razoáveis e tecnicamente aceitáveis, não merecedores de séria preocupação. Talvez até oportunos para justificar um confinamento.
Sem pretender menosprezar outras violências estruturais de que uma boa parte da humanidade é vítima, este cenário de saúde pública expressa sem quaisquer duvida uma intencional evolução civilizacional seletiva, que a história passada e recente não consegue negar, nem mesmo quando contada pelos “vencedores”. A velha expressão, tantas vezes escutada em momentos de vitória ou de partida, de que ninguém será deixado para trás, precisa passar a mostrar o que efetivamente contém entre suas linhas: ninguém dos nossos!
Ninguém morre de fome, morre sim de miséria. Aos cerca de 40% de alimentos produzidos e seguidamente desperdiçados anualmente no mundo, junta-se-lhe agora a capacidade de se produzir anualmente vacina em quantidade 5 vezes superior à população planetária, e com igual ineficiência para com o objetivo para que foi criada. Mas será que é mesmo uma questão de ineficiência? ou será que o objetivo para que foi criada é também outro? Muito possivelmente a resposta a essas perguntas não se encontra na economia, nem na sociologia. Quiça se encontre na ciência médica, mas na área da psiquiatria, não da virologia.
Hoje produzimos alimentos suficientes para erradicar a fome, assim como medicamentos para muitos dos nossos males. Dinheiro também existe em quantidade suficiente, acreditem. Mas a globalização que desde os anos 80 é apresentada como um projeto mundial de inspiração social, cultural e política, nunca deixou de mascarar a verdadeira ambição finalística do lucro pelo lucro, a todo o custo e com acesso reservado. Um projeto de mundo onde as desigualdades se acentuam e onde África não é um aliado, mas sim mero parceiro com quem se desenvolvem renovadas técnicas de Apartheid.
Essa realidade a que assistimos tranquilamente encontra-se impregnada em nós através da lógica de que se a outra pessoa não reproduz em conformidade, não pensa igual e é muito diferente, fica automaticamente legitimada a perca de direitos, até os mais elementares. E é assim que deixamos acontecer, totalmente desinteressados em saber que a autoestrada que dessa forma abrimos proporciona velocidades onde qualquer movimento imprevisto ou deliberado causará desastres fatais horríveis. O recente holocausto nazi foi um deles, mas tem mais, muitos mais.
Neste contexto diabólico cabe anexar o relatório “Panorama Humanitário Mundial 2022” que a Organização das Nações Unidas apresentou esta semana ao mundo, onde revela que no próximo ano 274 milhões de humanos irão precisar de ajuda humanitária para sobreviver. Não é uma novidade, mas o aumento de quase 20% é, comparativamente a 2021 que já teve os piores números das últimas décadas. E o que mais envergonha é que o combate a esse flagelo que atinge a nossa espécie se faz essencialmente através de fundos de empréstimo, programas de crédito e doações. Políticas públicas concretas e efetivas, 0,001 da nossa riqueza. O estudo menciona também que a pandemia do coronavírus não é a causadora de tudo isso, sendo sim responsável por colocar a descoberto muitas das necessidades prementes. E isso nos impõe questionar sobre quais são as prioridades mundiais. As “grandes” nações falam que é a busca por Paz, o combate ao Terrorismo, o desenvolvimento de tecnologias que permitam reduzir o impacto das ações negativas que temos sobre o meio ambiente, mas só falam, falam e se repetem agindo sempre em sentido contrário. Na cara.
Eu acredito que as diferenças se afirmam pela igualdade, mas não está nada fácil resolver os problemas de dentro para fora. Quem está dentro, dentro da bolha do bem-estar, não quer ficar de fora, nem partilhar espaço. E se esta forma de estar não mudar, a tendência é de que as coisas acabem por se resolver de fora para dentro e com dor. Se assim é e assim for, é muito grave que demos risadas às provocações que nos estão sendo feitas.
Rui Perdigão – Administrador, geógrafo e presidente da Associação Cultural Portugueses de Mato Grosso

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