O senador Carlos Fávaro (PSD) perdeu todas as suas apostas eleitorais nas eleições de domingo,02 de outubro e saiu do pleito como o grande derrotado das urnas. Fávaro não conseguiu eleger ninguém de seu grupo e agora, mais que nunca, tem grudado na testa o decalque de “traidor” imposto por seus antigos aliados da direita e extrema direita de Mato Grosso. Considerado como uma “revelação” da nova safra política pós-caciquismo dos irmãos Júlio e Jayme Campos (Uinião Brasil), e Bezerrista (Carlos Bezerra (MDB), o agropecuarista e senador, planejou fazer das eleições deste ano o trampolim definitivo para o topo das principais lideranças políticas de Mato Grosso. O salto acabou no vazio das urnas.
Durante o processo eleitoral e toda a campanha, Fávaro foi duramente acusado de trair Bolsonaro, Mauro Mendes e o agronegócio que ajudou a projetar seu nome eleitoralmente. Seus candidatos à Assembleia Legislativa, Câmara Federal, ao Senado e à Presidência foram todos derrotados. Um fiasco que dificilmente será esquecido e perdoado por suas bases ainda frágeis.
A tentativa de criar um grupo próprio pelo centro do espectro ideológico da polarização entre os dois principais concorrentes ao Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro e Lula, não deu certo já na largada das articulações visando a formação de chapas para a eleição deste ano.
As portas foram sendo fechadas uma a uma com os partidos menores de direita e centro direita se aliando, em sua maioria, à Jair Bolsonaro e ao projeto de Mauro Mendes à reeleição. Sem espaço para ser ele mesmo candidato competitivo ao Palácio Paiaguás dentro de seu aspecto ideológico, Fávaro partiu para o “tudo ou nada”.
Mesmo tendo um passado vinculado à direita, ao grande agronegócio e às pautas do neoliberalismo, Fávaro deu uma guinada para a esquerda e optou por apoiar o candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva à presidente, ajudou Neri Geller (PP), outro centro-direitista, a se juntar à Federação PT,PV, PCdoB, e arrastou consigo boas promessas como candidatos à Assembleia e à Câmara Federal que, ao fim da campanha, se mostraram um fracasso total.
TRAJETÓRIA PROMISSORA DESMORONA
O jovem senador (tem apenas 53 anos), vinha em uma trajetória ascendente promissora. Carlos Fávaro começou na política militando nas organizações dos produtores de soja no estado, tendo sido dirigente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) e da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores de Lucas do Rio Verde (Coorperbio Verde). Então filiado ao PP em 2014, foi indicado pelos produtores rurais para compor como vice a chapa com Pedro Taques na disputa ao Governo do Estado. A dupla ganhou aquelas eleições com 57,25% dos votos. Fávaro experimentou o gosto do poder e passou a desejar conquistas maiores.
Como vice-governador e Secretário de Meio Ambiente, Fávaro articulou sua primeira candidatura solo já mirando o Senado da República em 2018. Após ter se filiado ao PSD, renunciou aos cargos de vice-governador e secretário da Sema-MT e foi para as eleições contrariando grande parte de seus primeiros apoiadores.
A maioria dos agroprodutores entendia não ser aquele o seu momento, pois queriam fechar apoio à um candidato mais próximo do ideário emergente do bolsonarismo. Numa disputa acirrada, ficou em terceiro lugar com 15,80% dos votos, perdendo a vaga para a ex-juíza Selma Arruda, candidata do PSL e considerada uma ‘bolsonarista raiz’.
A cassação de Selma Arruda por crime eleitoral de abuso de poder econômico – como um golpe de sorte - abriu uma chance para Carlos Fávaro retomar seus planos de ascensão rumo ao topo do poder político.
Na justiça, Fàvaro conseguiu assumir o cargo como Senador tampão no lugar de Selma Arruda. Em seguida, encarou a disputa da eleição suplementar para se legitimar no cargo de forma definitiva. A vitória obtida, com 25,97% da votação disputada com outros 11 candidatos lhe deu confiança para apostas mais ousadas.
MIRAGEM
As eleições de 2022 foram encaradas por Fávaro como a oportunidade ideal para ele descolar de vez de seus antigos aliados e formar o próprio grupo de poder. A realidade se impôs nas urnas mostrando que o senador estava vendo uma miragem. Em vez de conquistar cargos e fortalecer suas bases eleitorais e políticas, Fávaro perdeu de vez a chance de ter se colocado na linha direta de sucessão do governador – agora reeleito – Mauro Mendes (UB) ao recursar a disputa ao Executivo Estadual para apostar unicamente na eleição de aliados isolados nos legislativos.
Para Fávaro, o empenho para viabilizar a eleição de Nei Geller (PP) ao Senado e sua aproximação aberta da candidatura do ex-presidente Lula foi um “tiro no pé”. Esse movimento gerou uma forte rejeição entre seus eleitores naturais que, em sua maioria esmagadora, são ideologicamente vinculados à direita e a extrema direita, mais próximos do bolsonarismo.
A eleição de apenas dois deputados estaduais pelo PSD, Wilson Santos e Odenir “Nininho” Bortolini, que não integram diretamente o seu projeto político e fizeram uma campanha totalmente desvinculada dos candidatos Bolsonaro e Lula, demonstram que a capacidade transferência eleitoral do Senador para seus candidatos é muito menor do que ele próprio imaginava possuir. Este fato do PSD não ter elegido nenhum candidato para a Câmara Federal empurra o senador de volta à linha de partida na carreira política.
Sua última chance de sobrevida eleitoral agora está em uma hipotética e difícil eleição de Lula como presidente. Caso Bolsonaro vença o segundo turno da eleição presidencial, o senador Carlos Fávaro terá poucas chances de resgatar o prejuízo da grande derrota sofrida no estado. A conferir.
copopular/Caminho Político
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