Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso
Av. André Maggi nº 6, Centro Político Administrativo

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso
X SIMPÓSIO SOBRE DISLEXIA DE MATO GROSSO “TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO”

domingo, 19 de outubro de 2025

Mato Grosso não pode ser tratado como um problema ambiental

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspende a Emenda Constitucional nº 119/2024 do Estado de Mato Grosso — a chamada “PEC das UCs”, reacendeu o debate sobre a proteção ambiental e a regularização fundiária no país. A medida cautelar teve como fundamento a defesa do meio ambiente e do direito coletivo ao equilíbrio ecológico, previstos na Constituição Federal.
Embora a decisão seja respeitada dentro do marco institucional, especialistas e representantes do setor produtivo defendem que Mato Grosso merece reconhecimento pelos resultados já alcançados em conservação. O Estado é apontado como um dos que mais preserva o meio ambiente no Brasil, conciliando produção agropecuária e preservação da vegetação nativa.
Um levantamento da Embrapa, em parceria com instituições do setor, mostra que Mato Grosso mantém cerca de 64% de todo o seu território preservado, o que representa aproximadamente 58,5 milhões de hectares. Dentro das propriedades rurais, os produtores preservam áreas significativas destinadas à Reserva Legal e às Áreas de Preservação Permanente (APPs). Esse volume de preservação privada é tão expressivo que supera em mais de 100% a área preservada por unidades de conservação e terras indígenas no Estado. Somadas, essas áreas de iniciativa pública chegam a pouco mais de 17 milhões de hectares, enquanto os produtores rurais conservam cerca de 35,5 milhões de hectares, o equivalente a 39% do território estadual. Esses números mostram que o produtor rural mato-grossense não é vilão ambiental, mas sim parte da solução, com a preservação feita dentro das fazendas, de forma obrigatória e fiscalizada pelo Código Florestal.
Apesar do desempenho positivo em preservação, produtores e entidades apontam problemas na gestão das Unidades de Conservação (UCs). Muitas delas foram criadas sem regularização fundiária, deixando famílias sem indenização e em situação de insegurança jurídica. Além disso, a ausência de planos de manejo em diversas UCs impede o uso sustentável e a gestão efetiva dos recursos naturais, transformando parte dessas áreas em “proteção apenas no papel”.
Para o setor produtivo, é fundamental que a discussão sobre preservação vá além da judicialização. Mato Grosso não pode ser tratado como um problema ambiental. Pelo contrário, é parte da solução: produz alimentos para o Brasil e o mundo e, ao mesmo tempo, mantém a maior parte do seu território coberto por vegetação nativa. Com o debate sobre a PEC das UCs no STF, produtores rurais e lideranças do agro defendem que sejam reconhecidos os esforços reais de conservação em curso no Estado e que haja equilíbrio entre proteção ambiental, segurança jurídica e desenvolvimento econômico.
Vilmondes Tomain
Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato)

Nenhum comentário:

Postar um comentário